Olharápios

Proposta de
Descrição
Na sequência do projeto Visionários, foi fundado o grupo de espetadores ativo “Olharápios”. Estamos a falar de cidadãos e cidadãs comuns que a partir do Cineteatro Municipal João Mota criaram este grupo mediado por técnicos da autarquia pertencentes à Direção Artística do Município. Este grupo heterogéneo começou por criar laços assentes no seu amor à programação artística e foram desafiados a construir o programa cultural do teatro. O grupo foi expandindo sendo agora responsável por uma parte significativa da programação de todo o município. Hoje, para além de juntos assistirem a espetáculos em toda a área metropolitana, trazem a sua visão mundana e as suas sugestões programáticas para espetáculos de diversas naturezas e inseridos nos mais diversos contextos (teatro, música, dança, cinema, espetáculos para crianças e famílias, espetáculos para escolas, festivais…). A sua participação é voluntária sem pagamento associado e a sua visão ajuda a que o programa seja cada vez mais um exercício de cidadania ativa ajudando a autarquia a construir um Projeto de Programação Artística (PPA) mais interessante e irreverente. Nos espetáculos escolhidos pelos Olharápios a sua participação é garantida e muitas vezes há lugar a uma pequena apresentação quer do projeto quer das razões que levaram à escolha daquele espetáculo. Muitos Olharápios acompanham as montagens dos espetáculos e o exercício de acolhimento de público tornando tudo ainda mais intenso e interessante.
As reuniões de trabalho são desenvolvidas no Grémio Cezimbrense que acaba por ser um parceiro importante no projeto.
Contexto do Território
Sesimbra é um concelho com 50.000 habitantes divididos em 3 territórios (Freguesia de Santiago, Freguesia do Castelo e Freguesia da Quinta do Conde). Os territórios de Sesimbra e Castelo albergam cerca de 25.000 habitantes e a Quinta do Conde os restantes 25.000. Sesimbra e Castelo são as freguesias mais antigas e mais estruturadas onde a população tem raízes mais sólidas com a cultura local. A Quinta do Conde tem crescido bastante nos últimos anos sendo uma freguesia com muita diversidade na sua população com pessoas provenientes de todo o país e vários países do mundo. Tem uma lógica de dormitório e a sua população tem uma relação entre si distante. Nesta freguesia existe uma enorme carência de infraestruturas especialmente ao nível cultural. Está prevista a construção de um auditório, uma biblioteca, um centro de juventude e um centro de artes, mas excluindo o auditório que iniciou a sua construção à cerca de três meses, as restantes obras ainda não começaram.
Existe assim uma intenção clara de apostar na quinta do conde. O município deu início a um novo plano de programação artística que pressupõe uma forte aposta na quinta do conde, mas a ausência de equipamentos é um grande “handicap”.
As freguesias de Santiago e Castelo são culturalmente mais profundas, mas existem nuances importantes de ter em conta. O Covid trouxe muitos habitantes de fora de Sesimbra para este território e a sua integração está a trazer novas dinâmicas interessantes especialmente ao nível cultural e ambiental. Os habitantes sesimbrenses têm uma matriz cultural muito vincada na relação com o mar e com a terra, mas em termos de fruição cultural os seus hábitos são ainda anacrónicos. Estamos a falar de uma população pouco curiosa e com muitos estigmas socioculturais que se observam facilmente na população mais velha mas também nas novas gerações. Esta situação é revelada por exemplo no baixo número de artistas locais nestas duas freguesias.
Existem muitas resistências a propostas culturais irreverentes e uma tendência clara para o preconceito que não permite o desenvolvimento pessoal das pessoas. Este fenómeno tem sido atenuado com os novos “Sesimbrenses” que trazem uma matriz cultural mais evoluída e livre.
Extensão temporal de desenvolvimento
Objetivos gerais e específicos
- Potenciar uma relação mais ativa entre os indivíduos e as dinâmicas artísticas do território.
- Captar novos Olharápios, desenvolvendo estratégias de comunicação e divulgação para atrair novos participantes interessados nas práticas artísticas locais e criando iniciativas de sensibilização para despertar o interesse de diferentes indivíduos da comunidade.
- Capacitar os indivíduos para que a relação com as práticas artísticas, seja cada vez mais consciente, ativa e participativa.
- Enriquecer a relação dos Olharápios com o seu território, permitindo um desenvolvimento ao nível artístico, pessoal e social.
- Desenvolver ferramentas criativas e de reflexão coletiva enquanto espectadores ativos;
- Estimular a participação ativa na construção de programas artísticos, que se refletem concretamente na escolha de espetáculos/dinâmicas culturais para o território.
Impactos esperados
- Verificar o aumento do espectro de espetáculos programados garantindo o máximo de abrangência possível em termos de disciplinas artísticas e contexto de programação (Festivais, equipamentos, rua…);
- Verificar um aumento do número de participantes no projeto;
- Garantir um aumento de público nos espetáculos promovidos no território;
- Promover um ambiente de debate e curiosidade face à vida cultural do território;
Práticas de avaliação
Todos os anos é avaliado o impacto do projeto. Por um lado, é feito um esforço para se tirar conclusões objetivas sobre a forma como os participantes se sentem no projeto em particular no que há “instrumentalização” dos mediadores (consciente ou inconsciente) diz respeito. Acima de tudo é fundamental garantir que as pessoas sentem que as suas opiniões e sugestões são genuinamente aceites.
Também é analisado o impacto em termos de público. De facto existe uma lacuna grande a este nível no concelho. Excluindo o Cineteatro João Mota não existem mecânicas de análise de públicos mínimas que permitam entender os vários impactos nos hábitos culturais da população e visitantes. Estamos a trabalhar nesta mecânica de análise de públicos para 2025 que virá ajudar claramente a entender melhor a influência deste e outros projetos na fruição cultural dos sesimbrenses.