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Enraizar – Guião para o envolvimento comunitário

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Proposta de

Descrição

O projeto surge inspirado na intervenção urbana “Projeto ao Largo”, na aldeia de Cem Soldos, que resultou de uma dinâmica da comunidade local desde 2005, que, ao longo de projetos sucessivos, consolidou uma identidade e uma prática participativa continuada, sendo o mais reconhecido o Festival nacional Bons Sons. Focado em desenvolver e implementar um modelo de atuação que promove experiências de envolvimento comunitário de baixo para cima (bottom-up), o nosso projeto visa apoiar e capacitar as comunidades locais a tomarem a dianteira em estratégias que refletem as suas necessidades e aspirações, resultando em benefícios sociais, culturais, ambientais e económicos.

Contexto do Território

Tomar é sede de um município com 351,2 km² de área e 40 677 habitantes (2011), subdividido em 11 freguesias. A cidade é atravessada pelo Rio Nabão, que é afluente do Rio Zêzere, estando incluída na bacia hidrográfica do Tejo.

O concelho de Tomar apresenta uma irregular distribuição da população por freguesia, constatando-se ser a freguesia de Santa Maria dos Olivais a que regista o valor mais elevado neste índice, seguida a freguesia de S. João Baptista (constituindo a União de Freguesias de Tomar). As freguesias localizadas a Sudoeste (Asseiceira, Carregueiros, Paialvo, Madalena e Beselga) apresentam valores entre 100 a 200 hab./km².
São Pedro, Serra e Junceira, Casais e Alviobeira, Além da Ribeira e Pedreira constituem um conjunto de freguesias cuja densidade populacional oscila entre os 60 e os 100 hab./ km². As restantes freguesias (Sabacheira e Olalhas) apresentam os valores mais baixos (20 a 60 hab./ km²).

Plasmado no PDM do Município, traçamos um quadro evolutivo de desindustrialização a partir dos anos (19)80 com a falência de importantes indústrias, como a Fábrica de Fiação, o grupo Mendes Godinho, e as quatro fábricas de papel. Esta dinâmica foi acompanhada por um crescimento do sector terciário (comércio, hotelaria e restauração) que foi absorvendo a mão-de-obra, facto que atenuou os efeitos sociais da regressão económica.

O turismo foi-se destacando na economia local, sustentado em recursos como o Convento de Cristo (Património UNESCO), e a memória templária, sendo Tomar reconhecida como a sede dos Templários em Portugal. O próprio PDM defende a aposta estratégica de “afirmar Tomar como destino turístico” (p.11).

Numa recente sucessão de eventos, com forte impacte financeiro, transversal a toda a economia nacional (resgate financeiro seguido de uma pandemia), a vocação turística saiu reforçada também em Tomar, com uma aposta quase em exclusivo nos seus recursos culturais e patrimoniais.

O investimento público tem potenciado esta orientação, com a refuncionalização de antigos espaços industriais para a prática cultural (Complexo Cultural da Levada de Tomar), a criação de espaços museológicos (Núcleo de Arte Contemporânea – José-Augusto França), e reforço da marca “Tomar Cidade Templária.

Tomar tem sido um dos concelhos do Médio Tejo com maior perda de população residente, com taxas de variação, entre 2011 e 2021, de -10% (Médio Tejo: -5%), em linha com a perda de residentes sentida desde 2001 (-15%).

Nos anos recentes, contudo, tem sido notória a chegada ao território de novos habitantes, nacionais em segunda residência, e estrangeiros, ao concelho. Esta recente dinâmica aponta para benefícios advindos das dinâmicas induzidas, pelo aporte de novos residentes, que reforçam as comunidades locais, sobretudo em áreas predominantemente agrárias em ciclos de abandono territorial, como é o contexto do continuum rural-urbano de Tomar. Estes têm sido, de facto, um agente transformador, sobretudo porque se tratam de novos habitantes com um maior aporte de capital cultural, e por essa via, com capacidade de reforçar a massa crítica face às dinâmicas culturais e sociais dos territórios.

Extensão temporal de desenvolvimento

Objetivos gerais e específicos

  • Desenvolver um modelo de intervenção comunitária: Com base na experiência de Cem Soldos, criar um guia prático de envolvimento das comunidades nos processos de participação e de decisão, que possa ser replicado em diferentes contextos.
  • Implementar projetos piloto: Aplicar o modelo desenvolvido num ou dois casos práticos (projetos piloto). Aplicar no território / projeto selecionado, a metodologia do Guião desenvolvido, com o objetivo de desafiar as comunidades a se tornem protagonistas do seu próprio desenvolvimento;
  • Estimular o espírito comunitário: Fomentar a colaboração e o compromisso da comunidade em ações que reforcem a identidade local e promovam o desenvolvimento socioeconómico.

Impactos esperados

  • Maior eficiência na tomada de decisões, aproximando-se das necessidades reais da comunidade;
  • Capacitação dos serviços municipais nas áreas do urbanismo, cultura e mediação;
  • Fortalecimento da identidade local, cultural e social, e do espírito comunitário;
  • Empoderamento dos agentes culturais locais;
  • Reversão de situações de despovoamento, pelo reforço dos laços societais;

Práticas de avaliação

  • Avaliar a evolução do número de participantes nos projetos piloto
  • Elaborar relatórios de progresso trimestrais que incluam feedback das comunidades envolvidas (realização de questionários ou sessões de focus group)
  • Avaliar a implementação prática dos projetos piloto com base no guia de intervenção comunitária elaborado, observando as barreiras encontradas e como foram superadas.
  • Comparar os resultados alcançados nos projetos piloto com os objetivos iniciais, analisando o potencial de replicação do modelo noutros contextos territoriais.
  • Publicar relatório detalhado com os resultados da avaliação, a ser amplamente distribuído a entidades governamentais, ONGs, instituições culturais e outras partes interessadas em projetos de participação comunitária, de matriz bottom-up.